Em diálogo com a exposição Zanele Muholi: Beleza valente, esta mesa propõe uma reflexão sobre como experiências trans e racializadas se inscrevem na literatura como forma de existência, resistência e fabulação. Através da escrita, corpos dissidentes deslocam a norma, rompem com binarismos e constroem outras possibilidades de linguagem, memória e futuro.
Partindo dos processos criativos de Abigail Campos Leal, All Ice e Tom Grito, discutiremos como a literatura pode operar como espaço de desobediência de gênero e enfrentamento das violências estruturais, tensionando arquivos oficiais e criando narrativas que afirmam o desejo, a intimidade e a reinvenção de si. A escrita, nesse contexto, se torna abrigo, arma e testemunho de vidas que insistem.
Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Abigail Campos Leal
Cordilheira escamosa, transita entre Arte e Filosofia para criar poéticas que desafiam a ordenação colonial do mundo e ao mesmo tempo instigam a imaginação a respirar o infinito de forma profunda. Doutora em Filosofia pela PUC-SP, professora da Especialização em Ciências Humanas e Pensamento Decolonial (PUC-SP). Publicou ex/orbitâncias (2021) e Textes à lire à voix haute (2022). Participou de exposições coletivas no CCBB-SP, Museu Casa das Rosas, Itaú Cultural e Museu da Diversidade (SP). Realizou performances no Diffrakt (Berlin), CCSP, Museu de Arte do Rio, MIS-Ceará. Participou das residências artísticas La Tillia (Herblay) e Pivô Pesquisa (São Paulo). Escreveu textos críticos e curatoriais para Contemporary &, 35º Bienal de São Paulo, FOAM Magazine, Prêmio PIPA. Também foi curadora internacional do Read My World Festival (Amsterdam, 2024).
All Ice
Omo Afefe, heterônimo All Ice, é cantor, músico, compositor, poeta, articulador cultural, pesquisador de criações decoloniais e pai. Atualmente está envolvido na circulação de seu Álbum Universo Nu disponível em todas as plataformas digitais. Vive e trabalha em São Paulo. Em 2019 lançou seu primeiro EP Quebra das Algemas, além do Rap também conversa com outras linguagens musicais como o ritmo afro percusivo gravado nos estúdios da Ong Acaia em Vila Hamburguesa . Em 2020 lançou o single Vendaval que é um dancehall, vertente do Reggae. Em 2021 lançou o single Sem se afogar produzido por Lili Black, um boombap classic, e em dezembro do mesmo ano lançou seu primeiro álbum “Universo Nu” que contam com a produção musical de: Lili Black, Aghata Saan, Ian Wapichana, Rasec Tozkera records. Em 2022 lançou Obirin Remix que faz parte da trilha sonora do filme São Marino. Seu lançamento mais recente foi Segura o Refrão, em dezembro de 2022.
Tom Grito
Pessoa não binárie (ele/elu/they). Inventor de palavras, combinador de letras e incendiário de discursos. Pesquisador de utopias inescapáveis e de tecnologias ancestrais e curador para acolhimento e sutura de violências sociais. Fundador do coletivo poético Slam das Minas RJ dedica-se às micro-revoluções político-sociais onde a poesia incinera, afaga, afeta e transforma.